
Durante uma pandemia que já matou mais de 35 mil brasileiros até este sábado (6), emissoras de TV tentam vender apoio ao governo em troca de recursos financeiros. Detalhe: canais religiosos, que objetivam ‘levar a palavra de Deus’ aos telespectadores. A informação é do jornal Estado de São Paulo.
Nomes famosos e queridos do público estão envolvidos na tramoia, como o do Padre Reginaldo Manzotti. A Rede Vida, uma das mais famosas emissoras do ramo também é citada.
Autoridades religiosas demandaram do governo acesso a cargos e fatias do orçamento do Ministério da Ciência, Inovação e Tecnologia, ANATEL e Secom (Secretaria de Comunicação do Governo).
Afinal, as três têm relação direta com os investimentos nas transmissões de TV e Rádio. No caso da SeCom, todo o orçamento de publicidade é gerido por ela, claro que em parceria dos respectivos ministérios envolvidos nas campanhas.
Influencers religiosos
O pedido aconteceu por meio de uma reunião virtual com o presidente. Dessa forma, participaram líderes religiosos, deputados da bancada evangélica e católica da Câmara dos Deputados, além do Major Vitor Hugo, líder do governo no poder legislativo.
De forma escancarada, vários líderes ofereceram a influência que têm sobre a fé das pessoas. Em troca dos recursos da publicidade, apoiariam o governo e trabalhariam para melhorar a imagem do governo com a população. Afinal, a popularidade do governo vem numa decrescente constante.
Ainda de acordo com o Estado, Reginaldo Manzotti foi um dos que cobrou mais velocidade do governo para liberar verba da população para as emissoras.
Apoio das grandes emissoras
O jornalismo de várias das grandes emissoras do país já trabalha a favor de Jair Bolsonaro. Chegou a vez das religiosas, mas emissoras de TV tentam vender apoio ao governo bem antes disso.
Patricia Abravanel, por exemplo, anunciou que o SBT sempre será ‘pró-governo’, dessa forma, a emissora mantém um bom relacionamento com os recursos públicos. Criticar o governo já virou motivo de Silvio Santos cancelar o SBT Brasil numa edição.
Por sua vez, a RecordTV é propriedade de um dos mais ferrenhos apoiadores da presidência. Edir Macedo fez uma vasta campanha a Bolsonaro em todos seus veículos de comunicação, inclusive entre os fiéis.
A RedeTV não só apoia o governo como tem o presidente como um de seus convidados cativos – desde antes das eleições, inclusive. Quem não lembra de Bolsonaro criando polêmica no Superpop?
Opinião
O Famosando entende, desde sua concepção, que não é esse o comportamento de um jornalismo de qualidade. Nas faculdades de comunicação, aprendemos que cabem aos publicitários e profissionais de Relações Públicas a função de enaltecer os bons feitos de suas fontes e clientes.
Enquanto algumas emissoras de TV tentam vender apoio ao governo, aos jornalistas, cabe a crítica, a verdade sem floreios, o interesse público, doa a quem doer. Obviamente, com ética, respeitando fontes, personagens e as boas práticas que regem o profissional de comunicação. Não é a toa que alguns assessores de imprensa torcem o nariz quando nos encontram em eventos. Faz parte do nosso trabalho.
Oferecer a fé e a influência sobre pessoas que seguem as palavras de Deus em troca de dinheiro vai, com certeza, contra os princípios ensinados por Jesus. E, como citamos acima, contra qualquer princípio jornalístico.